sexta-feira, 2 de março de 2018

humanum



HUMANUM, Os Bardos (Tianguá-CE)

PRELÚDIO FIM D’AGUA chega dando a cara do sertão, imaginário de fora, confirmação do sertanejo, pequena trilha sonora de olhar forte, e anuncia um álbum único, decididamente seco, “raizado” explorando o silêncio e a pressão. AO CAPITÃO CORISCO é uma fervura só, sensível, certeiro, poético, corrida no campo rachado da mente, cheio de amor pelo seu tempo, sem temor e assolado de medo por todos os lados. A MORTE DA BELA MARIA, delicioso conto pulsante, transborda musicalidade, versos dignos e uns alentos à base de balas dando cor à tragédia, a vida, um canto, início e fim. O gosto é de montanhas, brasilidade antes popular e erudição marcante... Conversas entre instrumentais progressivos e lindas poéticas regionais tornam AS QUATRO VISÕES GLORIOSAS uma canção necessária, versando a vida e o homem... Cara, cotidiano, amor, paz, sei que dancei em HOMOGENESIS, tem o groove que me move, um susto que me ganha, e no lindo trechão final a dança é feliz e “frevida” e te convida, e segue a vida... Uma voz feminina desliza respondendo e afirmando o realismo, ai o realismo toma conta com voz ativa, FÁBRICA VIDA da um jeito no sentimento enrustido e coloca psicodelia dentro dos passos decididos. Faca nos dentes, solitário, firme... FOLHETO RIO DAS MATAS é a cereja do bolo. Um tema progressivo pra cravar a excelência do álbum. A música entrega um caos confortável, entorpecido de energia criativa, sublimação psicodélica, um fino arranjo pra voar desgovernado. E continua, surge FUTURAÇÕES e eleva a visão turva no horizonte, segue com uma marcação pesada na alma, mistério por vir, bela, e atemporal, como todo HUMANUM, finda.
Grande álbum!

---Eu li, bardo seria uma pessoa encarregada de transmitir histórias, mitos, lendas e poemas de forma oral, cantando as histórias do seu povo em poemas recitados. Era simultaneamente músico, poeta, historiador e acessoriamente moralista.---

Encante-se com as batidas do bumbo, as inversões e sentidos, arranjo das cordas, trechos de fé nas letras e harmonias, a mix, órgãos, os efeitos, vozes, ecos. Bardos.



Deibe Viana



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arthur Schopenhauer

"A arte é uma flor nascida no caminho da nossa vida, e se desenvolve para suaviza-la"