quarta-feira, 27 de março de 2013

por aqui...






O mundo em volto de fumaça e buzinadas está por aqui, girando. Nota-se que o sol agrediu o tempo, e é nítido que esse sempre o perdoa, porque é certo que a culpa ao tempo amanhece. De alguma forma eu sei do teu riso de brilho lindo do outro lado, leve no vento da rua, no meio de alguma cidade, enquanto por aqui a chuva brinca em não cair e a terra crua transpira óleo. E é essa a noite de mais ideias. Depois dos instantes que em minha vida, antes tão entregue ao descompasso e agora aliciada pelo padrão, brinco de segurar a ilusão, retorno amigavelmente aos papos com o acaso. A casa está morna, o peso da solidão é fatal e ocupa todo o espaço... Eu deito sobre as páginas cheias de pele e nado no sonho às graças de um som amoroso. Incrédula fase. Apenas fase.



Deibe Viana

segunda-feira, 4 de março de 2013

um salve alucinante!



A ansiedade virava algo preso na garganta... Aquele palco ainda escuro, um locutor enrolando o pulo, a arquitetura do palco sendo montada, e nada do Rappa...

Não sei se o ano vai ser do mal ou se vai ser do bem... Mas o ano virou único... Dj Negralha faz a introdução pra chamar a alma do público, o que ele faz muito bem... A eletrizante 'Reza vela' começa a viajem com a banda toda em empolgante apresentação... Era luz branca e intensa na batida do bumbo, era uma máquina atrás do homem e o homem mecanizado, como se estivesse longe do que se faz liberdade... E como um grito de guerra... Um refrão te faz olhar pro céu. “Eu sou guerreiro, sou trabalhador e todo dia vou encarar com fé em Deus e na minha batalha, e na minha batalha. Espero tá bem longe quando tudo de ruim passar...”
E agora o tempo passava, mas não se sentia... Era apenas uma melodia meio africana, uns grooves, e sambas funkeados que levavam uma multidão de cabeças prum lado e pro outro. E aí uma das hiper-colagens’ de trechos improvisados e muito bem ensaiados do eterno Dj do Rappa, o Sir. Negralha começa, aí é a batida com delay... reverb... que toma conta... uma pedrada de vez em quando pra não sair da trilha... E depois de uma navegada... A guitarra começa leve, e a banda pulsa entregue... É a 'Linha vermelha'... Numa levada delicada do teclado... Linda! “Tem que recomeçar, tem que construir, tem que avaliar, e ter hora pra agir o tempo todo, o tempo todo tem que agir... Vou me benzer. Vou orar. Vou agradecer. Vou me rezar...”.

Esse grupo é reconhecido em qualquer meio que se tenha sabor de cultura, numa rapaziada ligada com o murro na cara da elite, que admira o dia por que o dia é PRA todos, repira na luta, enquanto busca a simplicidade, e perante o amor pelo que é nosso... Brasil, nordeste (Lembro de um belíssimo trecho de solo de guitarra em que Xandão parafraseia com um que de Rappa o ícone Luiz Gonzaga... Foi a na introdução da emblemática 'Hey Joe') Os caras são parte de um todo pelo sentimento que se é produzido, seres humanos que exalam energia e exaltam o bem. “A cor da pele não é nada perto do seu coração...” Falcão sempre empolgado, se integrava como parte do público, sentindo o show e espalhando a ideologia da banda. E um remixe se forma como uma cobra rastejando, de repente batidas começam a te tirar do chão apenas pela mente, e elas se repetem e se misturam... 

O clima de 'Lado A lado B' e a sincronia do visual... putz... A noite vibra ao som rasta e psicodélico que rola entre as músicas do repertório muito bem montado... “A minha alma tá armada e apontada para cara do sossego. Paz sem voz paz sem voz, não é paz. é medo. Às vezes eu falo com a vida, as vezes é ela quem diz, qual a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz...” faz a cabeça...
'Pescador de ilusões' e os saltos... todo mundo vira brother... Um ponto alucinante a ser ressaltado do show é o seu excelente clipe... Na parte final, um dos reggaerappa, se não me engano 'Meu mundo é o barro' (tocada também no início) ou 'Súplica cearense', era no telão um Senhorzinho rasta vestindo o verde, amarelo e vermelho... Um simples homem liberto... rindo ao fazer algum serviço de casa... Eram imagem antigas, provavelmente feitas na Jamaica.
E em alguns desses ‘culto-canções’ se intercalavam palavras como Humildade, Favela, solidariedade... UNIÃO... Todos com a mesma fonte da logo da banda... E o Salve Teresina... Vishi... Emocionante!

Abraço Rappa! A energia do bem  sempre prevalece!

...Uh Rappa! uh rappa! Uh rappa! Uhh rappa! Uhh rapa!!...
IMAGENS RETIRADAS DE ORAPPA.COM.BR

Arthur Schopenhauer

"A arte é uma flor nascida no caminho da nossa vida, e se desenvolve para suaviza-la"