sábado, 8 de junho de 2013

um descanso dos ventos (alusão)


“Mãe, eu não consigo entender nada!”... E comecei a chorar decepcionado com algo que nem sabia se era pra me atingir, ou talvez nem mesmo soubesse do que se tratava. Derramei junto ao amor materno uma enxurrada de desgosto exagerado, praquela época. “Você sabe o que é felicidade? Pois é... Eu não mais sei. Sinto um magoa estranha e uma vontade de compreensão da vida que não suporto mãe.” E ela, dolorosamente deixa palavras de desespero saltarem: “Não sei o que te dizer”... Porque que isso tá acontecendo, meu filho?”“ E sentada ao meu lado na cama se pôs a chorar, o mesmo interrompido nas agonias do parto, as mesmas gotas em solidão, que me molharam a alma, quando recém nascido. Eu e minha mãe num apartamento e o resto do mundo na virada do ano... Algumas lágrimas de amor se espalhavam em mim. E tudo era o tempo.
Um menino condenado.  
De lá pra cá vejo que manchamos e mancharam muito o vermelho do nosso coração. Em meio a atitudes que não honram esse sofrimento que o espírito tenta dar jeito, dia após dia... Mas é porque o amor é tão frágil que ninguém consegue segurar sua consistência no pensamento por muito tempo, mesmo que ele seja o que há de mais lindo pra se pensar. É preciso a dor pra se viver, um monte de caos pra se abater. É preciso o que nem é pra ser.
E eu pensava que era apenas ter fé, mas a rua pro amanhã pode se encher de espelhos quebrados. Aquele menino já não se via a caminhar com certezas, aquelas mesmas da infância. E hoje não sou o maior dos homens que um dia eu mesmo sonhei que fosse me tornar. Mas perto daquelas árvores, no quintal da nossa casa fiz muitas orações. Era uma semelhança muito grande do céu e o meu desejo no melhor. Eu era uma criança, e a vida surgia. Enquanto olhava as pessoas passando na cozinha.
Minha mãe tão linda! Um dia o sentimento que apresentou a mim voltará à tona com o ímpeto batalhador pra dominar, se juntando com os pensamentos soltos em minha mente. Ele vencerá a tristeza que dominou o mundo que vivo, o mesmo mundo que todos respiramos e assistimos. Eu sei que devo acreditar no tempo. Ainda sei que devo torcer pelos sonhos, porque a tudo somos o destino palhaço, a levar o dono de circo, acaso. O amor deita sobre nós todas as noites, mas a fé não está na prateleira do cotidiano.
Se esquivar dos atalhos, silenciando a palavra mal colocada ou reagindo mal às visitas da falta de virtude. Isso não é possível pra ser recordado, é um antídoto passageiro que abençoa o caminho do mais puro humano em nosso coração, acuado na intenção, à resistência dos dias. 

...Mãe, com seu amor é menos difícil. 



Deibe Viana

Arthur Schopenhauer

"A arte é uma flor nascida no caminho da nossa vida, e se desenvolve para suaviza-la"